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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

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07/12/2012 10h00

Responsável pelo projeto da UNILA, Niemeyer revolucionou a arquitetura

  • NIEMEYER
  • PROJETO
  • CAMPUS

Oscar Niemyer morreu na última quarta-feira, 5, aos 104 anos de idade.
O conjunto da Pampulha em Belo Horizonte, o Congresso Nacional em Brasília, o Memorial da América Latina (e sua mão latino-americana) em São Paulo, um museu que flutua sobre a Baía de Guanabara, em Niterói. Os traços de Oscar Niemeyer, que faleceu na noite desta quarta-feira (05), estão em todos estes prédios, ícones da arquitetura moderna mundial e significativos a um país que ensaiava os primeiros passos na modernidade na década de 50.

Os mesmos traços vibrantes, imponentes e sinuosos, estão no projeto da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), em Foz do Iguaçu, um de seus últimos trabalhos, quando ele já contava com um centenário de vida. Foi em 2008, antes mesmo da Lei da Criação da Universidade, que o escritório do arquiteto entregou um caderno arquitetônico com os desenhos conceituais do campus à Comissão de Implantação da UNILA, Itaipu e ao MEC.

“Quando Niemeyer se propôs a fazer o projeto do campus, fui vistar a Universidade de Constatine, na Argélia, que é da década de 1960, e constatei que ela conserva intacto o seu traço grandioso e inovador. A UNILA, certamente, é a sua última síntese, reunindo traços de várias de suas obras, mas com originalidade própria. A emoção que o moveu para criar o projeto, concebida pelo presidente Lula, ficará inscrita de forma definitiva na história da instituição e na identidade em construção pela nossa comunidade universitária”, declarou o reitor Helgio Trindade.

Devido ao falecimento, a UNILA decretou luto institucional por três dias, mas as atividades acadêmicas não foram afetadas. "Um gênio criativo como Oscar Niemeyer não morre, revive perenemente através de sua obra viva, presente nos principais países do mundo. Niemeyer reviverá sempre entre nós em sua imponente obra em execução”, complementou Hélgio.

Campus
 - O campus da UNILA, em fase de construção em Foz do Iguaçu, está sendo erguido em um terreno doado pela Itaipu Binacional, no norte da cidade paranaense. Quando concluído, será um símbolo arquitetônico para a região e um espaço de intensa convivência multicultural, frequentado por estudantes de toda a América Latina em busca de graduação e pós-graduação, trocas de conhecimento e de resoluções para problemáticas latino-americanas. “Ao invés de criar um prédio para cada curso, Niemeyer propôs a integração dos ambientes acadêmicos no prédio de aulas, e dos ambientes de pesquisa no prédio de laboratórios. Cada prédio do campus tem sua importância no conjunto arquitetônico”, destaca a arquiteta da UNILA, Livia Yu.
 

Projeto do campus da UNILA, assinado pelo arquiteto
A torre administrativa, de 23 andares e cerca de 111 metros, possibilitará uma das mais belas vistas aéreas da Fronteira Trinacional, tendo no horizonte o Paraguai, a Argentina e a barragem e o lago de Itaipu. Para Lívia, há dois outros elementos do projeto que se destacam: a construção do prédio de aulas sobre pilotis e a galeria técnica, construção subterrânea que interliga as demais edificações à Central de Utilidades, também subterrânea. “A construção sobre pilotis propõe a criação de um amplo espaço coberto, compreendido em um vão livre de 25 metros, que será utilizado como um importante espaço de convívio da Universidade. A galeria técnica servirá de percurso para as instalações prediais, facilitando a manutenção do campus como um todo”, revela.

Soraya Jebay, também arquiteta da UNILA, observa no projeto do campus uma série de outros elementos característicos da arquitetura de Niemeyer. “Há os grandes espelhos d'água e as peles de vidro presentes no edifício central, a extensão de um terraço jardim no prédio de aulas, as formas curvas do restaurante e da biblioteca, a forma trapezoidal do edifício do teatro e o pátio central do edifício de laboratórios”, aponta. Toda esta estrutura deverá abrigar 10 mil estudantes, além de 500 professores e 500 técnicos-administrativos e pessoal de apoio.

Poeta revolucionário - Chamado de poeta da curva, Niemeyer revolucionou a arquitetura moderna. Para a professora de Arquitetura e Urbanismo da UNILA, Andreia Moassab, é necessário compreender o momento histórico em que o arquiteto se insere para entender esta revolução. “A arquitetura, no início do século passado e fins do 20, era cheia de ornamentos e detalhes, acrescidos à estrutura dos prédios quando acabados. O modernismo rompe com esta separação: a estrutura é arquitetura. Niemeyer, por sua vez, rompe com os rígidos dogmas modernistas, mas sem deixar de ser moderno, e insere magistralmente a curva em suas obras. Esta sua ousadia o coloca definitivamente na história da arquitetura”, expõe.

Ele ainda lançou grandes desafios à engenharia, por utilizar concreto armado e protendido junto a uma arquitetura arrojada, complexa e com formas sinuosas, o que exigiu cálculos estruturais únicos. O principal responsável por obter estes cálculos foi o engenheiro José Carlos Sussekind, que está com ele também na obra da UNILA. “Conhecido como o arquiteto do concreto, ele foi um dos maiores difusores deste material de construção, utilizando as propriedades de resistência e a adequação às formas do concreto de maneira desafiadora e criativa”, disse a professora do curso de Engenharia Civil e Infraestrutura, Edna Possan. “O que Niemeyer fez com o concreto e com as estruturas é incrível. Ele faz emergir toda a plasticidade do concreto. Por exemplo, na Catedral de Brasília parede, teto e estrutura são um só elemento”, salienta Moassab.

O que Oscar Niemeyer propunha eram construções mais leves, inventivas e ousadas. As cidades precisavam preservar espaços para a circulação e a reunião de pessoas. Por isso, os prédios deveriam contar com vãos amplos e halls espaçosos - como aqueles do Ministério da Educação, no Rio de Janeiro, construído em 1936, primeiro projeto onde atuou, como estagiário da equipe. Desde então, atuou em diversas cidades e não apenas no Brasil. Sempre grandiosas, suas obras estão espalhadas por Itália, Argélia, Espanha, França, Portugal, Estados Unidos, entre outros países.

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