Edição 25 da Revista Escrita circula com textos, imagens e impressões humanas
Com uma de suas composições, o fotográfo Nilton Quoirin brinda à capa da edição número 25 da Revista Escrita, que está em circulação. A bela imagem, retirada de um flagrante do cotidiano vivenciado no distante Marrocos, ajuda, sem trocadilhos, a dar o tom e a medida da empreitada artística ensejada pela Associação Guatá com a publicação da revista.
O instante fotográfico de Quoirin, que reproduz em silhueta um detalhe da parte antiga da cidade de Fes, pela destreza de seu olhar e a habilidade com o aparelho, transformou em arte uma cena comum, despretensiosa, que passaria despercebida pelo campo de visão da maioria das pessoas.
Pois esta é a intenção contida na edição da Escrita. Contribuir para transformar em arte, expressão e registro o pranto e a alegria das pessoas, a fardo e a leveza da vida, o olhar e a impressão de viventes em um mundo onde a emoção, a sensibilidade e a simplicidade são elementos cada vez mais em desuso, a favor de um corolário que reúne consumismo, frivolidade e bestialização. E máquinas de todo o tipo, não se pode esquecer.
Escrita traz a cada novo número, contribuições na forma de texto e imagem, sem a menor preocupação com o rigor de referências estilísiticas ou com o peso do sobrenome dos participantes. Cabe tudo e entram todos na edição. São perto de três dezenas de colaboradores por número lançado, contando pessoas de Foz do Iguaçu e das mais diversas cidades brasileiras, sem contar os trabalhos que chegam enviados por produtores e contatos de outros países, especialmente, os latino-americanos.
Essa coletividade se traduz em diversidade de estilos, temas e origens dos que emprestam as suas expressões e criações para as páginas da Escrita. Além disso, a circulação da publicação é feita de forma bem diferente. Como explica o editor da revista, Silvio Campana, “uma parte é comercializada em bancas, livrarias e no sistema de mão em mão. Outra quantia dos exemplares é fornecida gratuitamente a professores e estudantes das escolas da rede estadual das nove cidade de abrangência do Núcleo Reginal de Educação (NRE), para o uso em trabalhos e em atividades artísticas e culturais”.
O fotógrafo Nilton Quoirin considera importante o papel da revista em despertar a vontade pela cultura em outras pessoas. “Não só para a fotografia como para outras formas de expressão, quanto maior o público melhor. Se isso despertar a atenção de uma pessoa, de um jovem, já cumpriu seu objetivo”, defende ele, engenheiro eletricista em Foz do Iguaçu e diretor de fotografia do Foto Clube Cataratas do Iguaçu. Além da ilustração da capa, seu trabalho está distribuído em uma seção interna da revista.
Neste mesmo sentido, o produtor londrinense Valdir Grandini, um dos colaboradores da revista, reforça o validade de trabalho de caráter plural e colaborativo com a Escrita. “Essa é a importância de projetos como o Guatá: vislumbrar a janela e a partir dela criar comunicação amplamente cultural, que difunde a diversidade, coloca em cena novos atores criativos, pluraliza trabalhos artísticos e espalha criticidade. O Guatá é isso: o poder desse vislumbre; a picada que se abre!!”, afirma Grandini, que coordena o projeto Luminares Cultura e Cidade e atualmente exerce a função de diretor de programas culturais na Secretaria de Cultura de Ourinhos, em São Paulo.
A revista Escrita possui 32 páginas, a capa é colorida e as páginas internas impressa em preto, com tiragem de 2 mil exemplares.
Daniel Machado retratou o monumento "La Carreta"
CESTA DE ARTE - Além de Quoirin, o edição visual é formada por trabalhos da fotojornalista Áurea Cunha, dos artistas visuais Lalan Bessoni e Rogério Silva, dos estudantes univesitários Átilon Lima e Jéssica Lima, do professor universitário Daniel Machado, do músico Júlio Fornari. Completa o elenco, o funcionário público Jorge Pegoraro, que captou um detalhe no Parque Nacional do Iguaçu, patrimônio ambiental dirigido por ele.
Investida da preocupação em preservar e difundir a história dos primeiros passos do agrupamento humano que fez constituir o município de Foz do Iguaçu, Escrita traz a foto feita por Harry Schinke do navio “Tibiriçá”, que transportava a riqueza e promovia a integração da região ao lançar-se pelas águas do rio Paraná, nas décadas de 1930 e 1940.
Na seção “Palavras”, Escrita traz um conto do médico e escritor de Londrina, Marco Fabiani. O texto, atual e reflexivo, trata de uma superpopulação de carros e que começam a ser abatidos pelos humanos. Fé, ceticismo e a paixão pelo futebol, temas não recomendados para a discussão, estão impregnados no personagem da crônica de Mario Rodrigues, estudante de jornalismo. Já a jornalista paraguaia Mariana Ladaga, trata a mudança de comportamento em seu país, em crônica que fala do rock e de como eram taxados e de como agora são vistos seus admiradores.
Em textos de opinião, a professora iguaçuense Liege Margo Liege Margo Schmitt, discorre sobre a importância de aulas de filosofia nas escolas públicas estaduais e a feirante Eustáquia reflete sobre a possibilidade ou não dos homens voltarem a ser “humanos”, na procura por uma existência melhor.
O agente cultural Valdir Grandini e a escritora Célia Musilli emprestam a poesia direto da cidade de Londrina. À eles se somam os haicais de um grupo de estudantes iguaçuenses do Colégio Ayrton Senna, derivados de uma oficina do poeta Carlos Luz. Nilton de Nadai Filho, médico residente no interior do Rio Grande do Sul fornece um poema lírico, enquando que a poeta árabe Fadwa Tuqan demonstra em versos o clamor dos palestinos por seu próprio território.
Nas páginas que reúnem “Olhos & Palavras”, a revista traz o dueto das uruguaias Tania Rodrigues e Sofi Esc, estudantes de históiria e de economia, na Unila. Também passeiam nesta área da Escrita, os textos do poeta Leonardo Bozzo, da Praia Grande, São Paulo, Fátima Costa, atriz e diretora de teatro de Porto Alegre, capital Gaúcha e a assistente de administração, Simone Sanways, que mora em Foz do Iguaçu e também cede as ilustrações para esta seção da revista.
(Guatá)
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